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Tuesday 20 October 2015

CORRUPÇÃO À VISTA DE TODOS. ACORDEM


Thomas Piketty é um economista francês que se tornou figura de destaque no meio académico internacional, explica neste video que a Alemanha está a obrigar os países mais pobres a aplicar a austeridade quando ela resolveu a sua divida de outra forma. A austeridade não é a solução. É importante perceber que, quando se olha para o passado, vemos que já houve dívidas públicas como estas e por vezes até maiores. Por exemplo, a França e a Alemanha em 1945 tinham uma dívida de 200% do PIB. Passados 10 anos, já quase não tinham dívida, estava abaixo dos 30%. O que é que aconteceu? É claro que não pagaram a dívida com excedentes orçamentais. O que aconteceu foi uma combinação de métodos para baixar a dívida. Em primeiro lugar, muita inflação, que não é perfeita mas pelo menos reduz a dívida. Depois a reestruturação de dívida. As pessoas agora dizem que isso não pode acontecer, mas a verdade é que aconteceu no passado. E os dois países – Alemanha e França –, que agora estão a explicar à Grécia e a Portugal que têm de pagar a dívida toda sem inflação nem reestruturação de dívida, nunca fizeram isso. E se tivessem sido obrigados a fazê-lo ainda agora estariam a pagar a dívida. Foi isto que permitiu aos países europeus, em particular a Alemanha e a França, investir no crescimento nos anos 50 e 60. Foi a decisão certa. Acho que deve ser uma combinação daquilo que tivemos no passado: inflação, reestruturação de dívida e tributação excepcional da riqueza privada. Em França, por exemplo, tivemos uma taxa de 25% sobre a riqueza acima de um milhão de francos. Neste momento há pessoas a dizer sobre Portugal que se regressou ao crescimento, que as taxas de juro estão baixas e que os problemas estão resolvidos. É verdade que a economia está a crescer, mas o nível do PIB ainda é mais baixo do que era há 10 anos. Nas taxas de juro, algumas são baixas, mas se se levar em conta a totalidade da dívida, o valor médio ainda é da ordem dos 4% e aquilo que se está a pagar de juros todos os anos é cerca de 5% do PIB, o que é cinco vezes mais do que aquilo que é investido no sistema universitário. Será esta uma boa maneira de preparar a Europa para o futuro? É difícil. É muito difícil no longo prazo ter uma moeda única, com 18 diferentes dívidas públicas, 18 diferentes taxas de juro, 18 diferentes sistemas fiscais em competição uns com os outros. E em particular no imposto sobre as empresas, se não temos uma taxa comum, no longo prazo essa taxa tende para zero e, por isso, teremos de sobretaxar as pessoas que não conseguem fugir, em particular os rendimentos de trabalho mais baixos ou médios. Mas isto não é bom para o emprego. Se se cobram mais impostos sobre o trabalho, estamos a criar mais desemprego. Se queremos manter uma divisa comum, a liberdade de movimento dos capitais e a troca livre de bens e serviços na Europa, então também precisamos de algum tipo de tributação comum de impostos, pelo menos sobre as empresas. precisamos de instituições democrátias fortes para garantir que o sistema fiscal é justo. Se a classe média e as PME sentem que as pessoas acima delas estão a pagar zero ou menos do que elas pagam, em algum ponto isto constitui uma ameaça para o nosso contrato social, para o modelo social europeu. toda a gente sabe que a Grécia não vai conseguir gerar um excedente primário de 4% nos próximos 30 anos, que é aquilo que ficou estabelecido. Mas nenhum governo europeu está preparado para ter esta discussão e já perdemos quatro meses a falar sobre outras coisas que não têm a ver com isto. Educar os políticos… http://ift.tt/1LAN60A Os políticos são escravos da opinião pública. Por isso o importante é contribuir para transformar a opinião pública dominante, mais do que convencer os políticos. Há dois anos, Thomas Piketty saltou com o seu livro O Capital no Século XXI para linha da frente do debate económico mundial.
by José Lourenço via Facebook at October 20, 2015 at 12:00PM
http://ift.tt/1LAN8Wd

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